8 de fevereiro de 2011

A BATALHA CONTRA SÍSERA

UMA ANÁLISE CRONOLÓGICA E HISTÓRICO-CONTEXTUAL DE JUÍZES 4 E 5

Tiago Abdalla T. Neto


A crítica quanto à confiabilidade das Escrituras e dos seus relatos, impera no cenário teológico dos últimos tempos. Certo autor afirmou que o editor do livro de Juízes “impôs sobre as histórias individuais uma orientação, a qual, de fato, elas não tiveram ... ele impôs uma falsa seqüência de eventos sobre o período”. Tal afirmação requer avaliação objetiva e resposta apropriada de uma perspectiva comprometida com a veracidade e inerrância do texto bíblico.

Além disso, nenhuma parte das Escrituras Sagradas pode ser compreendida sem o entendimento da relação entre a narrativa bíblica com sua época e o mundo ao redor, percebendo as influências culturais em tal período, para uma interpretação precisa e coerente.

Diante deste desafio, o presente trabalho lidará com a questão cronológica que cercou o livro de Juízes e a Batalha contra Sísera. Conseqüentemente, dados arqueológicos e bíblicos serão tratados conjuntamente e uma cronologia será proposta.

Esta monografia abordará, também, o contexto religioso cananeu diretamente ligado à apostasia da nação israelita no período dos juízes, a qual resultou na disciplina divina mediante a opressão de Jabim II. Ainda, o destaque feminino na prosa e poesia de Juízes 4 e 5 receberá atenção dentro do contexto social e religioso da época e do propósito do autor do livro.

Por fim, os aspectos políticos, militares e geográficos que envolvem a história da Batalha contra Sísera serão observados e analisados, a fim de proporcionar numa compreensão melhor do Sitz in Leben dela.

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23 de janeiro de 2011

A CRONOLOGIA DO PERÍODO DOS JUÍZES

Thomas Tronco dos Santos

     
     Tratar da cronologia ligada ao período dos juízes de Israel, descrito nas Escrituras, é um desafio e um trabalho árduo do qual não se deve esperar o surgimento de soluções cabais para todos os problemas.

É um período que narra a história pré-monárquica de Israel onde os povos coadjuvantes são os arameus, os moabitas, os filisteus, os cananeus, os midianitas e os amonitas, povos esses que oprimiram tribos israelitas nesse intervalo de tempo. O problema criado por essa curta lista de povos que interage com Israel é que a maior parte do conhecimento que temos de suas histórias são os próprios relatos bíblicos. A ausência de fatos relacionados a outros povos como os egípcios, os hititas e os povos mesopotâmios, dos quais se tem bom e confiável conhecimento histórico extrabíblico, torna difícil relacionar os feitos e as datas dos juízes de Israel à História do Oriente Médio Antigo.

Internamente a escassez de informações relativas a datas é evidente. O livro de Juízes oferece apenas os limites históricos do período. O texto de Jz 2.8-23 expõe um resumo da dinâmica dessa época e revela seu início logo após a morte de Josué. Por outro lado, os textos de Jz 17.6, 18.1, 19.1, 21.25 informam que os acontecimentos narrados no livro se deram antes que houvesse rei em Israel, fixando o limite máximo do período na coroação de Saul como rei de Israel (1Sm 11.15). Assim, entre a morte de Josué e a coroação de Saul atuaram os homens que julgaram e libertaram Israel de seus inimigos. De todos eles, apenas Samuel (se considerado juiz) tem relação direta com reis cujas datas são conhecidas. Como não há menções diretas, no livro de Juízes, a pessoas como Moisés, Arão, Eli e Samuel que favoreçam uma relação cronológica entre esses personagens e os fatos históricos que envolvem os juízes de Israel, o trabalho de datar o período não é fácil.


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3 de janeiro de 2011

UMA INTRODUÇÃO AO EVANGELHO DE JOÃO

Marcelo Berti



O teste do tempo deu ao Quarto Evangelho a supremacia entre todos os livros do mundo. Se o Evangelho de Lucas é o mais bonito, o Evangelho de João é supremo em sua altura e profundidade e alcance do pensamento. A imagem de Cristo apresentada aqui é única e conquistou a mente e o coração da humanidade (...) Aqui encontramos o Coração de Cristo.

O evangelho de João é certamente um evangelho cercado por louvores e A.T. Robertson (1863-1934) não está equivocado ao dizer que esse evangelho é o mais supremo em sua profundidade de pensamento. Não podemos negar que no Evangelho de João que podemos perceber com clareza as características mais aprofundadas do caráter de Cristo. Sidlow Baxter (1903-1999) também reconhece o valor que esse evangelho e tem e se pergunta: “Existe em qualquer parte uma combinação mais singular de infinita profundidade e simplicidade verbal? Já houve um assunto mais sublime e mais habilmente interpretado?”. Mas, ele ainda vai além e diz que nesse evangelho não apenas conhecemos a Cristo, mas conhecemos o próprio coração de Deus:

A sua preciosidade ímpar está naturalmente em suas revelações divinas e valores espiriturais. Sobre os seus portais brilha a inscrição: “Ninguém jamais viu a Deus: o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou (Jo.1.18). A forma do verbo em grego, traduzida como revelou é exegesato, da qual vem a nossa palavra exegese. Significa que no Jesus visível o Deus invisível é revelado. DEUS, o conceito incompreensível, é explicado objetivamente diante de nós. O próprio coração do Eterno é revelado, pois o Filho Unigênito vem do seio do Pai”.

Contudo, não podemos também nos esquecer que esse evangelho é cercado por críticas, e A.T. Robertson está correto quando nos lembra que “não é possível para um crente em Jesus Cristo como Filho de Deus ser indiferente a moderna visão crítica sobre a autoria e valor histórico do Santo entre os Santos do Novo Testamento”. Por um lado, temos um aprofundado e detalhado relato sobre Cristo, por outro, as dificuldades Teológicas que o cercam são tantas que eventualmente sua beleza é acobertada pelos desafios relacionados à natureza, integridade e credibilidade desse evangelho.

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2 de janeiro de 2011

SALMO 25: Uma Análise Introdutória

                       Tiago Abdalla T. Neto

O estudo do livro dos Salmos revela de forma especial o relacionamento pessoal responsivo de Israel para com o seu Deus. Não se trata de um envolvimento mecânico pré-estabelecido, mas de uma profunda reflexão da comunidade hebraica sobre o próprio Deus, que se interessa não apenas pela cura, mas também, pelos sofrimentos e aflições de Seu povo.

Diante das ações salvíficas de Yahweh, Israel não permaneceu emudecido, mas se dirigiu a Ele, louvando-o, consultando-o e expondo seu lamento pelos males que enfrentava. A razão para isso, foi bem definida por von Rad: “É que Javé não havia escolhido para si o seu povo como objeto mudo da sua vontade histórica, mas para o diálogo”. Tal diálogo se deu de forma poeticamente bela e artística, como um dom de Deus, que elevava o impacto das declarações dos salmistas e comunicava mais efetivamente os seus pensamentos do que uma dissertação escrita de forma maçante.

A compreensão de qualquer obra literária requer o conhecimento de certos aspectos introdutórios, para uma correta interpretação da mesma. Este capítulo, portanto, visa observar questões como a autoria do Salmo 25, o contexto de vida experimentado pelo salmista no momento de sua escrita, a estrutura e o gattung do Salmo, além de sua relação com a adoração comunitária hebraica.



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1 de janeiro de 2011

O DEUS QUE DÁ VIDA: A Polêmica Teológica em 1 Reis 17

Tiago Abdalla T. Neto
O texto da presente análise, provavelmente, fizera parte, em seu estado inicial, de uma coleção de narrativas acerca do profeta Elias, compilada por um grupo de profetas como aqueles descritos nas próprias perícopes do livro de Reis (cf. 2 Rs 2.1-18; 4.38-41; 6.1-7). Há toda uma discussão acerca de quais narrativas da história do profeta faziam parte da compilação original e quais circularam de forma avulsa, até serem adicionadas posteriormente. O fato importante é que há extensa comprovação bíblica do envolvimento do movimento profético com o registro da história de Israel (cf. 1 Cr 29.29; 2 Cr 9.29; 12.15; 13.22; 26.22) e que este “reuniu duas coisas: um interesse pela história e a crença de que o fracasso em viver à altura dos princípios teológicos acordados no Pentateuco conduziu à catástrofe nacional”.
Assim, não há qualquer fundamento para considerar o texto da narrativa de 1 Reis 17.8-24 como um conto lendário popular ou uma estrutura literária mítica, a não ser mediante o preconceito iluminista e “cientificista”, desde que o escritor do livro busca contar a história com precisão, sem comprometer a realidade dos fatos. Como Brevard S. Childs afirmou: “A maneira como o leitor é constantemente informado sobre as fontes usadas pelo escritor indica que ele não planejava que sua composição contradissesse suas fontes. Não estava procurando reescrever a história nem fornecer informação até então desconhecida”.



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29 de julho de 2010

A INFLUÊNCIA DE ARAM NA HISTÓRIA DE ISRAEL

Thomas Tronco dos Santos

        Pode-se, de forma geral, dividir a história de Aram em dois períodos: antes e depois de Hadadezer (séc. XI a.C.). É em seu reinado que o povo arameu aparece pela primeira vez na Bíblia como um reino, já que Hadadezer era, nos dias de Davi, rei da cidade de Zobá, principal cidade de Aram no séc. XI, e lhes pertenciam pelo menos as cidades de Betá e Berotai (2Sm 8.8) e, talvez, a cidade de Damasco (v.7). É provável que seu controle já havia sido maior, pois Davi resistiu à tentativa de Hadadezer de “restabelecer” seu domínio sobre os territórios do Eufrates (2Sm 8.3). É possível que ele os tenha perdido para o rei Saul, se for ele o rei de Zobá em 1Sm 14.47. Seja como for, aqui estão presentes os indícios de uma união regional ou nacional sob o domínio de um rei ou governante.
Antes de Hadadezer, a história dos arameus tem seus primeiros registros ainda no terceiro milênio e tem paralelos relevantes com a história da formação do povo de Israel. No final do terceiro milênio a.C. os arameus estavam divididos em arameus ocidentais (sírios) e arameus orientais (caldeus), habitando na Alta e na Baixa Mesopotâmia, respectivamente. 
Abraão surge entre os arameus orientais na Baixa Mesopotâmia, na cidade de Ur dos caldeus (Gn 11.27-31), cidade de origem suméria que, contudo, tinha as portas abertas para caldeus (arameus) como a família de Tera. A linhagem de Tera (vv.10-24), pai de Abraão, na época chamado de Abrão, mostra que os caldeus eram semitas, assim como todos os arameus (10.21-22). Abraão nasceu em 2166 a.C. e, em cerca de 2100 a.C., migrou com sua família de Ur dos caldeus para Padã-Arã, terra dos arameus ocidentais. Tal migração coincide com o a invasão e domínio gutiano na Baixa Mesopotâmia. Em Padã-Arã morreu Terá. Só então Abraão migrou para Canaã, a terra para a qual Deus o chamou e, posteriormente, prometeu dar-lhe em herança

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17 de julho de 2010

UMA INTRODUÇÃO AO LIVRO DOS REIS

Tiago Abdalla T. Neto



Apesar de dividido em duas partes pelos tradutores da LXX (Septuaginta) e ser tal divisão mantida pela tradição da Vulgata, o livro dos Reis era, originalmente, uma única obra literária, conhecida como !ykil;m] (m+l*k'm – “reis”). Tal título hebraico é completamente apropriado, desde que o livro se propõe a narrar e interpretar as histórias dos reis de Israel e Judá, desde a época de Salomão até a queda final da monarquia judaica diante dos babilônios, em 586 a.C.

A divisão introduzida na versão grega, muito provavelmente, se deu porque o texto grego vocalizado ocupava um espaço consideravelmente maior do que o texto hebraico não pontuado. A primeira separação do texto hebraico de Reis, seguindo a LXX e a Vulgata, ocorreu num manuscrito da metade do século XV, em 1448 A.D. Esta divisão entre 1 e 2 Reis se mostra bem superficial e arbitrária, desde que a narrativa do reinado de Acazias, com o qual 1 Reis termina, continua no primeiro capítulo de 2 Reis. Da mesma forma, a história do ministério de Elias e do período de aliança entre os reinos de Israel e Judá percorrem, de modo ininterrupto, os dois livros de Reis.

Tanto a Bíblia grega quanto a latina consideravam os livros de Samuel e Reis como uma história contínua, dividida por conveniência em quatro seções. Por isso, 1 e 2 Reis foram chamados de “3 e 4 do Reinos” pela LXX e de “3 e 4 dos Reis” pela Vulgata.

Neste artigo, serão desenvolvidos alguns aspectos que abrangem o argumento do livro de Reis, a fim de proporcionar uma  melhor compreensão da obra e, deste modo, lançar as bases necessárias para a exegese adequada de textos específicos.

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